quarta-feira, 6 de julho de 2011

Comida x Emoções: estou com fome ou com vontade de comer?

Escrito por Angelita Grebin Ewald  
A sociedade atual está nos transformando em máquinas de competitividade. Não somos mais seres, que dirá humanos. Somos, sim, consumidores e, como a própria palavra diz, estamos realmente levando ao pé da letra e nos consumindo.
Ser feliz? Muitos se perguntam: O que é isso mesmo? Quando foi a última vez que senti plenamente esta emoção?
Precisamos ser os mais bem-sucedidos profissionalmente, esteticamente e financeiramente porque, para poder consumir tudo o que nos torna "melhores" e mais "bonitos", é preciso muito dindim.
Queremos as roupas, jóias, cabelos das atrizes das novelas, fazer lipo, turbinar os seios e de quebra somos convencidos também a comer tudo o que tiver um apelo marqueteiro. Somos eternamente insatisfeitos com nosso corpo e confundimos estética com qualidade de vida e saúde.
Estamos sempre correndo atrás de algo, como se sempre faltasse alguma coisa, e nos sentimos vazios. Como todas estas coisas geram muito estresse e um sofrimento emocional muito grande! E adivinha como preenchemos o vazio? É, eu sei, eu sei, mas infelizmente é com comida.
O grupo musical Titãs é muito feliz na letra da sua música “Comida”, quando nos questionam: “Você tem fome de quê?”. E nos fazem um alerta sobre o fato de que nossas necessidades emocionais também precisam ser saciadas.
Veja este pequeno trecho:
“A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Pra  aliviar a dor...”
Partindo do princípio de que fome é uma necessidade orgânica e fisiológica e de que comida é a energia de que precisamos para manter nosso corpo vivo e funcionando, responda você mesmo: Toda vez que você ataca a geladeira ou se alimenta, está realmente com fome?
Veja bem, quando um animal sente sede, ele busca água, quando sente fome, caça seu alimento e come até sentir-se saciado. Nós, seres humanos, somos privilegiados, somos inteligentes, temos consciência de nossos atos e também somos dotados de livre arbítrio e poder de escolha. Então, temos tudo para fazer boas escolhas. Porém somos levados por nossos desejos e emoções não resolvidas.
Ensino algumas técnicas básicas para meus pacientes poderem se livrar dessa armadilha:
- Coma a cada três horas, assim não terá fome exagerada.
- Toda vez que sentir o impulso de comer fora de hora, pergunte-se: Estou com fome ou com vontade de comer? Estou com fome de quê? O que me incomoda neste momento? Traga para o consciente a situação e tente resolver.
- E se ainda for difícil resistir, tenha sempre à mão alimentos pouco calóricos para dar trabalho para os dentes. Uma dica legal é uma maçã picadinha, um pepino, e comer devagar. Isso reduzirá a ansiedade pela mastigação.
- Faça uma atividade física para canalizar o estresse (caminhada, musculação, ioga, dançar).
- Alimente também seu espírito, tire um tempo para olhar para dentro de si, para meditar, orar ou até mesmo contemplar a natureza somente.
- Seja persistente, esses episódios não duram muito tempo, em média 10 minutos.
Mais um trecho dos Titãs: “Desejo, necessidade, vontade...”.
É urgente aprendermos a lidar com as nossas emoções, pois é muito comum nos alimentarmos compulsivamente, mais por ansiedade do que por fome. Esperamos que o alimento nos traga novamente uma sensação de bem-estar e caímos num ciclo vicioso. E depois o que nos resta é aquela sensação de estufamento, de culpa e uma enorme ressaca moral.
Lembre-se, emoção resolvida não vira comida.

Fontes:
Guia do Gordo (e do Magro): aprenda a conviver com a balança. Organizadores Dirce de Sá Freire e Lula Vieira, Editora Elsevier.
http://www.levemente.com.br
Letra da música: Comida - Titãs / Composição: Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto
http://www.psicobesidade.com.br

Angelita Grebin Ewald é nutricionista formada pela Univates, que atua nas áreas Clínica, Escolar e Esportiva. Realiza atendimento diferenciado à domicílio e grupos de Reeducação Alimentar e Emagrecimento. CRN 8064.

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