Numa
época onde as mais variadas dietas fazem parte do hábito alimentar, a obesidade
figura entre os inimigos mortais da saúde.
"Apesar de se tratar de uma condição clínica individual, a
obesidade é vista, cada vez mais, como um sério e crescente problema de saúde
pública. O excesso de peso predispõe o organismo a uma série de problemas, como
doença cardiovascular, apneia do sono, hipertensão arterial e alterações na
circulação", destaca o Dr. Vladimir Schraibman, especialista em
gastrocirurgia e orientador de Cirurgias Robóticas da área de Cirurgia Geral e
do Aparelho Digestivo do Hospital Israelita Albert Einstein.
Em entrevista, Dr. Vladimir Schraibman responde 10 questões fundamentais
sobre o tema:
1- Como definir obesidade? Ela pode ser considerada
uma doença?
A obesidade pode ser definida como um índice de massa corporal (IMC)
acima de 25. Quando esse índice está acima de 40, ela é definida como mórbida.
Este número é obtido dividindo-se o peso em quilogramas pela altura em metros
ao quadrado (Calcule seu IMC clicando aqui). Sem dúvida, a obesidade pode
ser considerada uma doença e, nos dias atuais, uma epidemia que só vai
aumentar. O tratamento preventivo é a melhor solução. A cirurgia bariátrica tem
se apresentado como a melhor solução para os casos de obesidade mórbida.
2- Quais as causas da obesidade? Quais as pesquisas
mais recentes nessa área?
Dentre as causas se destacam os fatores genéticos, ambientais (hábitos
pessoais e familiares), hábitos populacionais, religião, fatores socioeconômicos,
compulsão ou depressão, entre outros.
As pesquisas mais recentes publicadas no periódico Obesity Surgery
apontam para a multifatoriedade na gênese desta questão, levando a enorme
dificuldade encontrada pelos pacientes em solucionar a sua situação uma vez
instalado o problema.
3- Como saber se a origem é genética, hormonal ou
por excesso de ingestão de alimentos?
Não há dados suficientes para que se mensure a influência de cada
aspecto, já que a questão é multifatorial.
4- Como identificar quando a obesidade é causada
por distúrbios psicológicos?
Geralmente, a obesidade de instalação rápida e sem causa aparente pode
estar relacionada a distúrbios psicológicos ou hormonais. São os casos nos
quais a pessoa engorda muito num curto espaço de tempo.
5- Podemos dizer que existe o melhor tratamento da
obesidade?
A correta avaliação por médico competente é a melhor opção, que poderá
indicar o tratamento adequado para o perfil do paciente, de acordo com os
fatores relacionados, identificados por exames e consulta. Não podemos falar no
melhor tratamento, mas sempre pensar em prescrever um tendo em vista as
condições da pessoa. Cada caso é um caso, sempre.
6- Como uma pessoa pode saber que está acima do
peso e entrando no quadro de obesidade ou obesidade mórbida?
Pessoas com IMC acima de 25 devem prestar atenção. A presença de
familiares diretos com obesidade também deve acender sinal de alerta.
7- Quais os problemas físicos mais comuns
ocasionados pela obesidade?
Os problemas desencadeados pela obesidade são inúmeros e vão desde a
limitação física a trabalhos básicos e à locomoção, até distúrbios mais graves,
como o aumento do colesterol, do triglicérides e da pressão arterial, diabetes,
gota, artrose, coronariopatia, insuficiência renal, apneia noturna do sono,
esteatose hepática, insuficiências glandulares, entre outros.
8- Quais doenças que a obesidade pode causar em um
indivíduo?
A de maior risco é a Síndrome X ou Síndrome Metabólica, que se constitui
por hipertensão arterial, dislipidemia, hiperglicemia e resistência aumentam a
insulina.
9- A diabetes é uma delas? Então, como deve ser o
tratamento para controlar as duas questões?
O tratamento deve ser feito a base de dieta hipocalórica, definida em
parceria com um nutricionista, atividade física e cirurgia de redução de peso,
quando indicado, e prescrição de medicações, quando necessárias.
10- Como o cirurgião gástrico e o endocrinologista
atuam juntos no tratamento do paciente obeso?
O tratamento de um indivíduo obeso deve ser multidisciplinar, incluindo
ainda cardiologistas, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais, de
acordo com o quadro clínico.