Os números são alarmantes quando se fala em obesidade infantil . As dobrinhas que antes agradavam à família , hoje preocupam as autoridades mundiais em saúde . A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas ) estima que o número de crianças obesas do Brasil cresceu 240% nas últimas duas décadas . O problema já é considerado epidemia mundial. A OMS calcula que , no mundo , uma em cada dez crianças está acima do peso . Toda essa preocupação tem sentido . A obesidade acarreta uma série de problemas graves de saúde . Entre a lista de consequências dos quilos a mais estão o diabetes tipo II - até então encontrado só nos adultos -, a hipertensão , os altos índices de colesterol e a síndrome metabólica , que resulta de uma associação de fatores de risco que aumenta as chances de doenças cardiovasculares , como o infarto do miocárdio .
“A chance de uma criança obesa ser um adulto com o mesmo problema é enorme ”, alerta a Dra. Léa Diamant, endocrinologista da Clínica de Especialidades Pediátricas do Hospital Israelita Albert Einstein. Segundo a médica , são raros os casos de problemas endocrinológicos nas crianças . “O aumento de peso na maioria das vezes vem da alimentação inadequada e da falta de atividade física ”, afirma.
Bons exemplos em casa
O cardápio básico do brasileiro – composto de arroz , feijão , bife e salada – estão ficando para trás . Hoje as opções são os pratos rápidos , comida congelada e, para quem tem ainda mais pressa , o chamado fast food.
“Os pais precisam fazer opções inteligentes quando o assunto é a alimentação dos pequenos e saber negociar com eles as guloseimas para ocasiões especiais . O importante é que elas não façam parte da rotina da criança ”, explica a nutricionista .
Brincadeira saudável
“Eles precisam correr , pular , andar de bicicleta , patins e passar tardes brincando com outras crianças ”, afirma a Dra. Léa. A ‘geração videogame’ é a grande candidata a formar uma legião de pessoas obesas – que preferem o computador a uma bola de futebol – e com uma série de problemas tanto de saúde física , quanto de mental . E as estatísticas comprovam: 80% dos adultos obesos foram crianças obesas.
De olho na balança
As crianças ganham por volta de dois quilos e meio por ano , o que corresponde a 200 gramas por mês . Na fase do estirão , que precede a puberdade , o aumento de peso é maior , mas compensado pelo crescimento . Quando o pequeno ganha um quilo por mês , é preciso estar atento . “Recomendo que os pais fiquem atentos ao peso dos filhos , principalmente se tiverem casos de obesidade na família . Se você vê uma criança engordar três quilos em seis meses é preciso procurar ajuda de um especialista ”, comenta a médica . Para cada idade há um peso adequado, medido pelo IMC, utilizado tanto em adultos quanto em crianças . Entretanto , os pequenos têm uma tabela específica que leva em conta a idade e o sexo . “Se a criança estiver com sobrepeso, é um sinal de alerta ”, adverte a Dra. Léa. O cálculo é simples : IMC = peso / (altura )2
Tratamento persistente
No caso das crianças , a melhor alternativa para a perda de peso é a união de dois fatores : reeducação alimentar e atividade física . Quanto maior a criança , mais difícil o tratamento porque os hábitos alimentares inadequados já a acompanham há tempos . A nova dieta não deve ser restritiva nem radical . Não adianta cortar todas as guloseimas e oferecer um prato de salada . “Partimos dos hábitos que ela já tem e diminuímos os excessos gradativamente , enquanto oferecemos alimentos mais saudáveis ”, explica a nutricionista . O apoio da família é fundamental nessa hora , afinal quem resiste a um pedaço de bolo de chocolate enquanto come uma fatia de pão integral com ricota ? Pais , irmãos , avós e babás precisam mostrar à criança que também se alimentam de forma saudável . Os exercícios devem fazer parte do cardápio saudável . Deixar de lado o videogame e a TV para ir a um parque , brincar na área de lazer do prédio ou até mesmo participar de atividades nas escolas é fundamental para a criança , seja ela obesa ou não . O tratamento exige persistência , isso porque apenas 20% das crianças conseguem atingir o peso adequado. O restante pode ter o que os especialistas chamam de efeito sanfona , ou seja, engordam e emagrecem repetidamente. Portanto , o melhor sempre é prevenir .